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Reflexões de uma vida construída com a Arte

A constatação de como as Danças Circulares influenciaram nas minhas escolhas.


Publicado em 28/04/2014

Mairany Gabriel


Sou professora de piano, de artes, de danças circulares!

Através da minha necessidade de fazer com que a arte interagisse com as demais disciplinas nas escolas que trabalhei, descobri que, muito mais que propor a interdisciplinaridade, precisávamos propor os conceitos da transdisciplinaridade, ir além do ser aprendiz de matérias curriculares e alcançar o ser aprendiz que questiona, cria, absorve e se empodera do seu saber.

 

Transdisciplinaridade: o prefixo  trans indica ir além dos limites das disciplinas, estabelecer pontes entre elas, incluir possibilidades além da concepção cartesiana de mundo, de maneira que se proporcione um entendimento global transformador.

 

Minha primeira especialização foi em Arteterapia, onde encontrei conceitos e ações que propõem a reintegração do ser humano com ele mesmo, com suas emoções e com a resolução de problemas através do fazer artístico e da livre expressão. Entender que a propriedade de cada material proposto na atividade estimula a criatividade, trazendo estas propriedades como qualidade para a facilitação do processo de autoconhecimento e equilibrio emocional, colocou-me de frente com a linguagem das Danças Circulares e a metodologia proposta por Bernard Wosien, percebendo a convergência de objetivos e afinidades entre as linguagens.

 

Percorrer as diversas áreas artísticas e entrelaçá-las foi uma prática constante na minha vida, desde pequena. Formei-me em piano e artes plásticas e fui sempre conhecida como uma pessoa que “transformava” tudo em “arte”. Entendo hoje que sempre usei a criatividade para expressar todos os meus sentimentos, fossem eles positivos ou não. Pela própria criatividade tão desenvolvida, seguir regras e não estar “livre” para criar dificultou vários momentos pessoais e profissionais da minha vida.

 

Estudar piano foi uma atividade que me impôs regras, trabalhou lateralidade, raciocínio, ritmo, persistência, sensibilidade e me preparou para várias outras atividades que desenvolveria posteriormente, pois era uma prática que me proporcionava momentos de introspecção, de “estar comigo mesma”. Ficar durante algumas horas sentada, com intenso exercício mental e quase nada corporal, era realmente uma situação que não tinha sintonia com meu movimento interior de criança e adolescente e então, quando tinha a oportunidade de trabalhar com outras expressões de arte, estava pronta para me soltar literalmente “pintando e bordando”. Identifico hoje, a necessidade que tinha do movimento de concentração e expansão e a riqueza dessa aquisição de várias possibilidades de expressão, através da alternância dos movimentos.

 

Quando conheci as Danças Circulares, em 1992, percebi que era uma atividade que reunia muito do que eu já havia feito: o ritmo, a melodia, a concentração, a lateralidade, a alegria, a possibilidade de me colocar em meditação e ao mesmo tempo trabalhar a expressão do meu corpo. Identifiquei então, o caminho de desenvolver, na mesma atividade, o movimento de concentração e expansão.

Foi então que a consciência da experiência vivida como criança/mulher possibilitou a identificação das vias a serem percorridos pela mulher/professora.

 

A professora sempre questiona: O que é que se ensina? Como é que se ensina?

A criança/mulher entende a necessidade da liberdade e da criatividade.

A mulher/professora entende a necessidade da liberdade, da criatividade, da aquisição de valores morais como o respeito a si mesmo, aos outros e à natureza, possibilitando assim o entendimento dos nossos limites e dos limites dos outros.

A metodologia das Danças Circulares, que compreende a vivência de danças em círculo, reproduzindo passos e movimentos arquetípicos de povos tradicionais e também coreografias contemporâneas, encaixou-se perfeitamente nos meus anseios e questionamentos.

Hoje eu quase não toco mais um instrumento, quase não “pinto e bordo”, mas danço, e fiz das Danças Circulares Sagradas meu “instrumento” de intervenção nas diversas organizações por onde trabalho, plantando essas sementes que já brotam em diversos lugares e que me fazem acreditar nos homens e nos movimentos cíclicos de reajustes planetários, fundamentais para a evolução e desenvolvimento integral do ser. 


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