Projeto: “Qual o diferencial que as Danças Circulares trazem para o nosso cotidiano.”
Equipe: Ana Maria Meneses, Eci F. Stanciola, Frida Zalcman, Luis Henrique Costa Garcia, Noemi Loureiro e Sonia Lima.
Desenvolvido desde 2021, desdobrando-se no Grupo, via Zoom, EGOS DANÇANTES, onde foi debatido o papel, não somente do focalizador, como também de cada integrante das rodas de Danças Circulares Sagradas.
Apresentado no XXII Encontro Brasileiro de Danças Circulares Sagradas de 2023 e também no VIII Festival Carioca de Dança Circular Sagrada em 2024 (incluindo o tema EGOS DANÇANTES).
Fizemos uma retrospectiva de como incentivar ou convencer as pessoas a buscarem as DCS, pensando nos benefícios físicos e mentais, além dos já consagrados.
Partimos do princípio que a justificativa seria, justamente, averiguar como as DCS reverberariam nos grupos participantes: Cidades de Alagoas, Rio de Janeiro e São Paulo.
Falamos sobre os colaboradores do início da jornada, apresentamos as leituras complementares e todas as outras contribuições que recebemos.
Seguimos apresentando a Metodologia empregada, partindo da escolha do público alvo; a quantidade de encontros e sua duração; as danças escolhidas, que foram divididas em 4 Módulos e também apresentamos os Protocolos utilizados para a Avaliação da Aptidão Física e da Percepção da Qualidade de Vida.
Seguimos mostrando que houve um novo desdobramento focado nos efeitos das DCS nos Parâmetros Hemodinâmicos e de Capacidade Funcional em Idosos 60+ em Mogi das Cruzes, São Paulo.
Reconhecemos o que as DCS trazem de benefícios para os participantes nos aspectos de acolhimento, desenvolvimento e pertencimento.
Entendemos que também há um afastamento devido a falta de cuidados, e também a egos exacerbados, tanto de participantes como de focalizadores.
Percebemos também que esses aspectos não são falados nem abordados, porém vimos que existem, que estão presentes em nossas rodas. Daí surge o grupo "Egos Dançantes", que se propôs a dialogar sobre essa temática.
Tivemos 98 participantes, com 19 preciosas contribuições - até pela questão do tempo para ouvirmos a todos, para darmos fala a todos - de onde destacamos alguns pontos que foram apresentados por:
Adriana Oliveira, Alcides Martins, Bebeth Ferreira, Deborah Dubner, Dorothy Pritchard, Graça Ganiko, Helena Campello, José Cardoso, Kátia Calazans, Lena Mouzinho, Líria Inomata, Magdalena Garreton, Malu Souza, Maria Maestro, Maria Medeiros, Marilena Laluna, Marlene Frandon, Patrícia Preiss e Rosana Padial.
No que diz respeito as contribuições, propriamente dito, seguem os pontos apresentados, que foram por sua vez, compilados de forma objetiva, sem citar especificamente quem os havia dito, considerando assim a participação coletiva de todo o grupo, como segue:
> “Respeitar o focalizador principal.
> Focalizadores presentes ajudando o focalizador principal (quando solicitados).
> Cuidar para que as rodas sejam inclusivas, trazendo bem-estar geral aos participantes.
> "Entro para ver, sentir ou ser visto?"
> "Transborda de amor, chama de irmão e depois tem atitudes que se contradizem."
> Durante o ensino dos passos manter uma única roda, e durante a filmagem os dançantes mais experientes ficam na roda de fora.
> "Focalizar é Arte e é Coração!"
> O que temos que ter para levar para a roda: didática, metodologia, ritmo, olhar..., é uma reflexão contínua.
> Harmonização presente sempre.
> Ensinar e se distanciar para criar independência.
> Onde estão as Raízes da Dança Circular Sagrada?
> Diversidade Cultural.
> Dois aspectos da Dimensão Humana:
1. Política – objetividade, posicionamento (não há), compromisso e consciência política nas danças para zelar pelo bem comum.
2. Econômica – gera muito barulho.
> Dar as mãos fora da roda vai além do físico.
> A existência da contradição entre as mãos dadas na roda e a exclusão fora dela/cotidiano.
> Todos queremos ser vistos, reconhecidos, amados, queridos...
> Comprometimento e estado geral do focalizador.
> Conhecer o grupo e seu comprometimento.
> Dançante querendo ensinar a outro dançante durante a dança, atrapalha. Cada um tem o seu próprio tempo.
> “Devemos nos esforçar pela plenitude e não pela perfeição. A pessoa que quer perfeição exclui tudo o que não é bom, então divide. A plenitude engloba tudo, ela é includente”. Kloke-Eibl (2004, p.5)
> “Quero lembrar que a Dança Circular Sagrada é Celebração. Celebração é alegria, é convite a todos que ali estão. Vai ter gente que nunca viu dança, não sabe o que tem que fazer. Aí é onde está a nossa dificuldade. A gente quer dançar as danças que já domina, as mais elaboradas, e tem gente que não vai conseguir! Para ensinar não dá tempo. Esse é o meu grande dilema.
> O que está acontecendo? a dança já se desenvolveu a tal ponto que tem festivais imensos. Festival com muita gente, o que que significa isso? Como que a gente faz para não eliminar ninguém? Dança Circular há inclusão, todos devem se sentir bem, como a gente faz isso? Porque os egos e as peculiaridades vão sobressair se a gente não tem um denominador comum.”
> “Um dia a gente chegou na dança circular e se sentiu ‘Um’ com os outros.
> Existe um estranho imperativo entre nós: não pode ser comum.
> Ficarás invisível. E tem que ter sempre mais visibilidade para se sentir valorizado. Será?
> Está na hora da gente se juntar e descobrir como trabalhar com esse laboratório relacional que é a Dança Circular, seja em qualquer lugar onde ela estiver acontecendo, para que possamos descobrir, como é que se pode lidar com nossos egos em choque, e aprender a dialogar com o eles, para descobrir se suas velhas e automáticas estratégias estão dando conta de suas antigas fomes...
> Como lidar com isso?”
> “Porque a questão que este grupo está trazendo está emergindo das entranhas do Movimento da DC no Brasil em busca de amadurecimento. Precisamos trabalhar para aprender a lidar com essas forças, de construção e de destruição, que existem em todos nós, sem exceção. Quanto mais cegos estivermos para essa parte em nós, que destrói, mais ela destruirá, até de formas sutis, ‘delicadas’ ...do seu lugar de superioridade, de mestre, ou seja lá qual for o nome do papel, criando e mantendo dependências, dificultando amadurecimentos.
> Que possamos participar de conversas que iluminam. ...E aprender a lidar com nossas diferenças, que estarão sempre presentes no ciclo da vida.”
> “Parece que, com o surgimento do grupo "Egos dançantes", o movimento está comunicando agora: ‘queremos prosseguir, mas para isso se dar, precisamos lidar com a realidade como ela está", ‘vamos cuidar de nós?"
> Esse instante pode ser terreno muito fértil para a reconstrução de relações que lidem com a realidade do jeito que ela é, onde gente de verdade, luz e sombra, seres de contradição, irrelevantes na ordem universal das coisas, podem conversar e recombinar sentidos do seu ‘fazer junto’.
> Está na hora da gente descobrir como trabalhar com esse ‘laboratório relacional’ que pode vir a ser a Dança Circular e descobrir como lidar com um momento da história na Terra, que nos convoca a aprender a ser par.”
> “Como construir coragem para, diante dos conflitos, olhar-me primeiro e identificar dentro de mim aqueles sentimentos que aprendi, equivocadamente, que é coisa de gente má e inferior? Como usá-los como pista para investigar os valores que me importam e estão em risco? E descobrir o que estou identificando na outra pessoa com a qual não sei lidar?
> Sonhamos até com o que não é possível para realizar o possível. Isso também nos move.”
De maneira geral, os presentes se manifestaram favoráveis ao assunto abordado, trazendo experiências vivenciadas em suas rodas, confirmando que esse é um tema que perpassa a grande maioria das rodas de DCS.
Muitas contribuições surgiram a partir dos pontos apresentados, despertando um olhar sensível para essa temática e deixando uma possibilidade de continuidade para novos desdobramentos sobre o assunto abordado.
Que nos juntemos uma vez mais e tantas outras que forem necessárias, para irmos em frente com essa temática tão crucial ao grande movimento das DCS.