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Sabe o que é Dança Circular?

Falo da dança circular e da minha experiência com ela.


Publicado em 14/11/2013

Jany Vargas


Sabe o que é Dança Circular?

Toda criança dança ao som da música, já percebeu? A dança é a filha do casamento entre o corpo e o som. Em algum momento, muitas crianças viram adultos que se envergonham de se mover ao ritmo da música, ou de emitir sons e cantar.

A Dança Circular é o nome que se dá as danças folclóricas dançadas desde sempre pelos povos nas praças das suas vilas. Bernhard Wosien, bailarino alemão, pesquisava essas danças nos anos 50 e criava suas próprias danças para rodas. Nos anos 70, ele levou este material para a Comunidade de Findhorn, na Escócia e de lá elas se espalharam para o mundo.

No Brasil esta semente floresceu. Aqui há muitos focalizadores ensinando em várias cidades, há coreógrafos criando suas próprias danças e muitos festivais anuais.

Na roda, temos a rara oportunidade de dar a mão a uma outra pessoa, e junto dela e de outros, formar algo que transcende o individual. Viramos um coletivo. Estamos juntos, compartilhamos.

O focalizador ensina os passos da dança. Alguns muito simples, outros que exigem mais coordenação. E aí a dança acontece.

Depois que os passos são aprendidos, a mente fica liberada e pode se ocupar com seus pensamentos ou se desligar e entrar num estado de meditação. Cada um que está ali tem a oportunidade, apoiado pelo silencioso grupo, de se lançar numa experiência de autoconhecimento.

Quem é mordido pelo bichinho da dança começa a se aventurar por outras rodas, viaja para os Festivais. Como o da Argentina, criado por Pablo Scornick, focalizador e coreógrafo, Seu festival dura seis dias e se dança dez horas por dia com vários focalizadores diferentes. Em uma das noites se dança até o amanhecer.

A dança circular pode ser entendida como uma prática espiritual, também como um meio de não permitir que a energia fique estagnada no corpo, uma possibilidade de se vincular aos outros, uma opção para sair do isolamento, uma oportunidade de manter o corpo desperto, se movendo com maior fluidez, etc.

Fico pensando: o que mais eu amo como amo a dança e ainda não sei? Que sorte foi ter ouvido dizer que a Martha D’ Andrea ia dar uma aula no Colégio Waldorf Micael de São Paulo.

Fui, dancei e me apaixonei. Por isso hoje ensino dança gratuitamente, para que outras pessoas possam ter a oportunidade de se apaixonar, para que as crianças possam entrar na roda (muitas vezes no meio dela), para que elas possam ver os homens dançando...

Resolvo que dança ensinar na hora, ao perceber quem está na roda:  Danças fáceis para pessoas com mais dificuldades de coordenação; se é um grupo grande, escolho danças de pares que são boas para dar alegria; se têm pessoas idosas, melhor algo mais lento; quando têm muitas crianças ensino algumas próprias para elas.

Os mais experientes às vezes reclamam porque me recuso a ensinar as difíceis. É que não quero que ninguém tenha uma experiência frustrante com a dança.

Adoro ver crianças de dois anos me imitando direitinho, só que um tempinho depois. Quando acabo de girar, eles ainda estão girando.

Delicia ouvir Marina, de cinco anos, cantar com uma memória impressionante muitas das músicas. Outro dia eu a ouvi falando em voz alta enquanto dançava: “agora a música está diminuindo, por isso vai acabar”.

Certa vez uma menina estava chateada, cansada, e ficou sentadinha no meio da roda, tirando caquinha do nariz. Que lindo poder ficar junto aos outros mesmo quando triste.

É tradição na Dança Circular ter um centro no meio da roda com vela e flores e também abrir e fechar a roda com algo dito pelo focalizador.

Minha professora, Martha, sempre diz no final: “agradeço aos anjos por terem estado aqui conosco e a nós mesmos por termos nos dado mais essa oportunidade”.


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