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Danças Circulares Sagradas: Consciência em Roda

Divertida mas sagrada, esta interessante modalidade de dança baseia-se no círculo que nos traz a sensação de pertencimento, acolhimento, união no centro comum. Cada praticante, não importando de onde venha, traz sua contribuição pessoal para aquela roda, e o outro, o seguinte, assim giram... homens, mulheres, crianças e idosos. As coreografias são passadas na hora, os dançarinos seguem o focalizador, e os movimentos simbolizam o cotidiano, como colher um fruto, desenhar a árvore da vida com os pés, dançar com os braços esticados horizontalmente como uma cruz, girar sentindo no corpo a espiral transformadora do nosso DNA...


Publicado em 02/04/2009

Patricia Preiss


Danças Circulares Sagradas: consciência em roda Divertida mas sagrada, esta interessante modalidade de dança baseia-se no círculo que nos traz a sensação de pertencimento, acolhimento, união no centro comum. Cada praticante, não importando de onde venha, traz sua contribuição pessoal para aquela roda, e o outro, o seguinte, assim giram... homens, mulheres, crianças e idosos. As coreografias são passadas na hora, os dançarinos seguem o focalizador, e os movimentos simbolizam o cotidiano, como colher um fruto, desenhar a árvore da vida com os pés, dançar com os braços esticados horizontalmente como uma cruz, girar sentindo no corpo a espiral transformadora do nosso DNA... Quem nos dá os detalhes é Patricia Preiss, experiente focalizadora de Danças Circulares. Para escrever sobre as Danças Circulares Sagradas, muita coisa vem à minha cabeça... as músicas, as origens, os passos, quem dança... e aí me pergunto se Bernhard Wosien, ao iniciar sua pesquisa com as Danças Tradicionais nos povoados, pensou aonde elas chegariam? "Sagradas" porque expressam e, conseqüentemente, nos fazem experimentar esta sabedoria da "Alma dos Povos", no que era sagrado pra eles. Iniciando pelo próprio círculo que nos traz a sensação de pertencimento, acolhimento, união no centro comum. O essencial destas Danças é a maneira como a entendemos - o seu significado; e, com isto, não estou dizendo que outras danças não o tenham, mas a maneira como estes ensinamentos e símbolos, dos que vieram antes, como este conhecimento chega até nós. O movimento de colher um fruto, balançar como um campo de trigo, desenhar a árvore da vida com os pés, dançar com os braços esticados horizontalmente como uma cruz, girar sentindo no corpo a espiral transformadora do nosso DNA... E aqui, quando digo NOSSO, é de todos mesmo, homens, mulheres, crianças e idosos. Os costumes e tradições que vão se modificado com a Geografia e também de cenas que acontecem tanto no interior de um país europeu, asiático, ou aqui mesmo, em nosso país. Poderia falar de outros componentes da Dança, mas neste momento sinto a necessidade de reconhecer esta origem, este POVO. Porque quando dançamos, quando estamos ali na roda, entendemos que povo é povo em qualquer lugar e eles são a referência destas Danças - o que faz com que qualquer um dance. E, ao refazer os caminhos de origem grega, russa, indígena, africana, indiana; apreendendo e compreendendo aquela cultura, observando ensinamentos como a reverência pra terra, o agradecimento aos céus, fatores que todas têm em comum, nos damos conta de que cada uma em si é tão rica e tão original quanto a outra, assim como cada pessoa no círculo, não importando de onde venha, traz a sua contribuição pessoal e individual, a sua experiência de vida para aquela roda e o outro, o seguinte, assim giramos. Giramos e equalizamos estas características e qualidades e diferenças e igualdades - no livro de Jean Shinoda Bolen, o Milionésimo Círculo, ela diz que "o círculo é um princípio e também uma forma. Ele age contra a ordem social, a compartimentação, superior/inferior". Pra mim, esta é uma das principais mensagens pois é onde estamos em igual posição em relação ao outro, (re)criando esta antiga/nova ordem e vale pra quando não estamos dançando também. Esta Dança nos conta segredos dos povos e nossos à medida em que damos as mãos e respiramos juntos até antes de se iniciarem os passos, vamos percebendo a nós mesmos, os outros, e quando tudo começa, este senso aumenta - tomo consciência da minha presença nesta roda e que eu também contribuo para este movimento comum, que juntos conseguimos, sim, entrar no mesmo ritmo (isto tudo quando ainda existem pessoas que pensam ser inútil dar o primeiro passo)... então volto pro Bernhard, que procurava nestas danças uma forma mais orgânica de meditar, certamente sua intuição previu que elas teriam também este "poder de despertar"! Quando menos esperamos, a roda já nos levou - Para participar não é necessário ter experiência. Como eu disse, qualquer pessoa dança, as coreografias são ensinadas na hora e elas têm um fator de repetição que traz esta qualidade meditativa de se sentir presente, no aqui e agora, enquanto vamos nos harmonizando com os diversos ritmos. Brincamos ainda que não dá pra pensar enquanto se dança, quem pensa é a cabeça - o corpo dança. E elas são tão acolhedoras que, quando menos esperamos, a roda já nos levou e estamos dançando, sem precisar ter a preocupação do acerto, acontece naturalmente... já nos exigimos tanto no dia-a-dia, este momento é para partilhar, relaxar, desligar do que está fora, literalmente entrando no tempo e no espaço da Dança. Atualmente no Brasil temos as Danças Circulares Sagradas em praticamente todos os estados, o movimento iniciou no final dos anos 80, início dos anos 90, nos estados de Minas Gerais e São Paulo e, dali, foi se expandindo para todo o país. Elas são utilizadas em escolas, ONGs, empresas, universidades, grupos terapêuticos e, é claro, em grupos regulares, proporcionando bem-estar, harmonia, alegria, descontração, encontros e muita troca. Em Porto Alegre, somos vários focalizadores; a maioria buscando formação e aprofundamento com mestres internacionais, não esquecendo, é claro, de valorizar nossas próprias raízes resgatando e estudando também as Danças Brasileiras. Temos um trabalho voluntário que acontece dois sábados por mês no Parque Ramiro Souto - área de esportes da Redenção. E nossos grupos regulares aqui e no interior.


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