Era uma noite fria de inverno.

Todos trajavam branco, ou pelo menos procuravam fazê-lo.

Na mão esquerda portavam velas acesas voltadas para o centro do círculo formado.

A mão direita repousava suavemente no ombro esquerdo da pessoa que estava à frente.

A procissão bailava em círculos ao redor de um grande centro cuidadosamente construído com serragem colorida e adornado igualmente com velas... Era a “noite branca do 18º Encontro Brasileiro de Danças Circulares Sagradas” ...

No centro do círculo a anciã, vinda diretamente de Findhorn, na Escócia, em estado de consciência visivelmente alterado, portando seu acordeom vermelho entoava os baixos do instrumento fornecendo a linha a partir da qual um cântico tradicional da Comunidade de Taizé, cujas estrofes em espanhol eram atribuídas à Tereza D‘Ávila subia aos céus, em três vozes cuidadosamente construídas nos dias precedentes:

“De noche iremos, de noche

Que para encontrar la fuente

Sólo la sed nos alumbra

Sólo la sed nos alumbra”

Os versos tratam da busca da fonte (de luz) por aqueles que têm cede ao passarem pela “noite escura da alma” ...

O raspar dos pés no chão das quase duas centenas de pessoas que formavam os dois círculos fornecia à monótona linha rítmica que conduziu a todos ao estado ativo de presença próprio da meditação.

Este foi um dos momentos mágicos que vivi neste reencontro oficial que tive com as amigas e amigos das Danças Circulares Sagradas; com a maestra Barbara Swetina com quem aprendi os Cânticos de Taízé há mais de 20 anos, cantando todas as manhãs no Santuário Principal de Findhorn antes da meditação que precedia o café da manhã...

Estou em meu nono setênio curtindo como diria Steiner o “Ciclo do Desenvolvimento do Espírito”... agradeço às amigas Renata, Andrea e Sônia, a oportunidade e aos velhos e novos amigos pelo (re)encontro.