Conversas Circulares é uma nova sessão criada por Deborah Dubner para adentrar no universo dos GUARDIÕES DAS DANÇAS CIRCULARES SAGRADAS no Brasil. Através de entrevistas informais, vamos conhecer histórias que merecem ser conhecidas e lembradas. Visitamos sonhos e vocações que nos inspiram a expandir sem esquecer as raízes. O convite é honrar os passos, de mãos dadas com cada um destes seres que fazem do grande círculo um bem comum.
Renata Ramos é uma das pioneiras das Danças Circulares no Brasil. Formou centenas de focalizadores em varios estados brasileiros, criou o Encontro Brasileiro de Dancas Circulares Sagradas e é socia da Editora TRIOM, responsavel por diversos livros e publicaçoes brasileiras sobre Dança Circular. Vamos conhecer um pouco mais desta mestra querida!
- Conte um pouco sobre a sua entrada no mundo das Danças Circulares. Como aconteceu?
Minha irmã Ruth Cintra e eu fundamos a TRIOM Editora e Centro de Estudos em 1991. Tínhamos uma sala pequena num prédio comercial em São Paulo e, além de publicar livros, oferecíamos palestras e cursos. Sempre atentas ao que estava acontecendo no mundo, ouvimos falar maravilhas sobre um lugar na Escócia, a Comunidade de Findhorn, onde as pessoas estavam convivendo de uma maneira inovadora. Seus residentes queriam expandir a consciência ampliando a conexão com a natureza e compreendendo os campos energéticos sutis. Fui então para lá em 1992 para conhecer e participar do programa “Semana de Experiência” que até hoje oferece a vivência do dia a dia na Comunidade. E numa tarde, no lindo salão de Cluny (antigo hotel comprado pela Comunidade para realização dos cursos) encontrei a Dança Circular! Foi amor à primeira vista! E logo pensei “o que é isso! preciso voltar aqui, aprender, compreender, sentir seu potencial e levar para o Brasil!” E foi o que aconteceu. Voltei a Comunidade de Findhorn em 1993, fiz meu primeiro treinamento e nunca mais parei de dançar em círculo, de mãos dadas. Em 1995 convidamos Anna Barton, minha primeira mestra para vir ao Brasil, lançando ao mesmo tempo o primeiro material brasileiro de Dança Circular. E o Brasil começou sua expansão!
- Este ano você está completando 25 anos como focalizadora de Danças Circulares. Uma vida e tanto! O que de mais importante fica pra você como aprendizado?
Sim, são 25 anos de dedicação a Dança Circular. Eu a considero minha prática espiritual, ou seja, a prática que me possibilita viver mais conscientemente. A vida é uma aventura, com altos e baixos... a vida pede uma atenção plena e uma constante vigília sobre emoções, pensamentos e ações... A Dança Circular realmente me conecta com o momento presente e me enche de alegria, uma alegria que não tenho palavras para descrever. É uma sensação de plenitude e de expansão do meu campo energético. É sentir e saber que somos todos interligados e que a “cola” é o Amor. Portanto, meu grande aprendizado é VIVER essa “cola”.
- Quais focalizadores mais influenciaram a sua jornada de 25 anos? Por quê?
Em primeiro lugar, Anna Barton, inglesa residente na Comunidade de Findhorn que me ensinou os primeiros passos nas Danças Circulares e que, com sua simplicidade, me mostrou o caminho de como agir em grupo. Maria Gabriele Wosien da Alemanha, que me ensinou sobre a importância de trazer à luz da consciência os símbolos e os arquétipos. Friedel Kloke da Alemanha, que me ensinou sobre a sutileza da Presença do focalizador na roda. Peter Vallance da Escócia, com quem aprendi sobre harmonização dos campos sutis. Mandy de Winter da Inglaterra que me mostrou a importância das danças tradicionais e Nanni Kloke da Holanda que me abriu para a suavidade e para a beleza dos movimentos do corpo.
- Quais os desafios que você percebe atualmente, para a continuidade das Danças Circulares no Brasil?
O povo brasileiro é muito criativo. Sabe expandir uma prática que considere eficaz para a sociedade. E hoje a Dança Circular ocupa um lugar oficial dentre as práticas consideradas Integrativas pela área da Saúde, o que podemos considerar uma excelente conquista. Ao mesmo tempo que se construiu uma base sólida de conhecimento e prática com muitos textos livres e acadêmicos comprovando os resultados positivos da Dança Circular nas mais diversas áreas, sabemos que uma expansão desmesurada leva ao risco de se perder as raízes de um Movimento. O desafio é manter a consciência da essência, do propósito e dos pilares da Dança Circular. Para isso os textos, os livros, as entrevistas, os cursos, os encontros de aprofundamento, os grupos de estudos, as palestras e os portais virtuais como o www.dancacircular.com.br que contemplam o iniciador desse Movimento, o alemão Bernhard Wosien, precisam ser cada vez mais divulgados.
- Quais as qualidades que você considera essenciais a um focalizador de Danças Circulares?
Somos seres humanos na jornada da vida. Caminhamos aos tropeços, caindo e levantando, enfim, aprendendo sempre. O focalizador é esse ser humano que descobriu uma Prática que passa a amar e a respeitar, porque sentiu seu poder de transformação no nível pessoal e grupal. Portanto, as qualidades que vai desenvolver têm como foco servir ao outro, ao grupo e ao todo maior com humildade e presença, com flexibilidade e precisão, com alegria e firmeza, com clareza e conhecimento. O amor e o equilíbrio interno vão reger essas qualidades. Sua intuição será desenvolvida à medida que passar a se conectar com seu silêncio interior, guiando-o nessa posição de liderança consciente e amorosa.
- Para a continuidade da sua jornada pessoal no mundo das Danças Circulares, poderia compartilhar um sonho?
Vários sonhos sonhados já foram se realizando ao longo dos anos. Agradeço essa graça recebida. Reconheço meu empenho e a bela e forte parceria com amigas e amigos. Ainda tenho o sonho de ver a Dança Circular fazer uma diferença positiva na área da Educação no Brasil atingindo uma massa crítica que possibilite uma mudança de paradigma. Estamos já no caminho!
- Aproveitando sua experiência, compartilhe um conselho para quem está começando.
Tente escutar o SER interno. Aprenda a desfrutar com a alma os momentos de mãos dadas no círculo quando se dança ao som de uma bela música, seja ela antiga ou contemporânea. Entenda que a mente trabalha a nosso favor e não no controle de nossas ações. Seja simples e verdadeiro, uma Presença plena. Movimente-se com os outros, sinta com os outros, vibre com os outros.
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