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Dança Circular e Psicologia

No Dia do Psicólogo, uma reflexão sobre a alma humana, pelo olhar da Psicologia e das Danças Circulares.


Publicado em 27/08/2015

Deborah Dubner


 "Conheça todas as teorias, domine todas  as técnicas, mas ao tocar uma alma  humana, seja apenas outra alma humana."  (Carl Jung‎)

 Hoje é Dia do Psicólogo. De tanta gente    que busca razões para o incompreensível,   mergulha no escuro da luz, evoca o    chamado das trevas para emergir. Acolhe,   acalenta, sustenta, se espanta, levanta,    abraça, cutuca, alcança.

  Não sei bem o que significa ser Psicólogo.   São tantos os caminhos da alma humana,   e tantas perguntas sem resposta... Por  que  e para quê nascemos? Como viver as   surpresas que o destino reserva? O que é   escolha e o que não pode ser escolhido? O que vemos, e o que não queremos ver? Como evoluir? Como ajudar quando não conseguimos ajudar? Até onde chegamos com nosso conhecimento? Qual a distância entre as palavras e as ações? Qual a fronteira entre dar e receber? O quanto escondemos nossas dores na dor dos outros? O quanto necessitamos ser imprescindíveis para nos sentirmos amados? Qual o poder que nos atribuímos e que deixamos nos atribuir?

Quando eu tinha 14 anos, várias perguntas pipocavam minha existência adolescente. Eu tinha uma profunda sede de ajudar as pessoas e uma necessidade visceral de compreender o meu mundo interior. Fui estudar Psicologia na PUC-SP e saí da faculdade com muito mais perguntas do que entrei.

Hoje, com mais de 25 anos de formada, me alegro ao perceber que fiz as pazes com a Psicologia ao me encontrar com as Danças Circulares Sagradas.  Afinal, entendi que Psicologia e Dança Circular se irmanam no caminho da cura e da transformação humana. As perguntas ainda existem, mas minha alma encontrou ressonância na maneira de viver e ajudar as pessoas que por acaso passarem por minha estrada circular.

Não sei se o que mais aprendi foi em sala de aula, nos corredores, nos relacionamentos desesperados, no amor não correspondido, nas amizades espelhadas. Não sei se o que trago da psicologia vem dos livros, das discussões, das opiniões, das aulas, ou da escuta exercitada. Mas sei de algumas coisas que fui aprendendo por aí...

Que meu título diz muito menos do que meu sorriso, quando estou perto de alguém;

Que qualquer ser humano merece nascer, viver e morrer com dignidade;

Que todas as vezes em que eu não quis ver, a vida me pregou uma peça;

Que é sempre melhor colocar o amor no lugar da crítica;

Que é preciso muita coragem pra aceitar que não somos imprescindíveis;

Que ser feliz é muito melhor do que estar certo.

Que saber e não fazer ainda não é saber;

Que o estudo não nos protege do sofrimento;

Que compartilhar a dor nos engrandece e não o contrário;

Que exercitar o amor é mais difícil com as pessoas que mais amamos;

Que aplausos valem menos do que abraços;

Que é muito difícil andar a nossa palavra;

A vida não dá garantias, ela sempre será um grande mistério. Como cuidadora da alma humana (prefiro este termo em vez de psicóloga) descobri que posso fazer muito pelas pessoas. Não porque sou melhor ou mais do que ninguém, ou por algum título que ganhei por sorte ou merecimento. Simplesmente, porque eu acredito que é possível.

No círculo das Danças Circulares Sagradas, tenho a graça de exercitar tudo isso, dia a dia, passo a passo, a cada nova dança, ou em cada repetição. Celebro a vida honrando a beleza de cada ser, acolhendo os desafios com paciência e determinação. Aprendo sobre o meu ritmo em contato com o ritmo coletivo, sintonizando com o centro, dando e recebendo o melhor de mim e dos outros. Visito o sentimento de alegria e paz, na busca do eterno equilíbrio em movimento, que faz meus passos serem firmes e suaves. Aprendo que a liberdade das asas se conquista pelo exercício dos pés. Céu e terra visitam o meu corpo e me convidam a ser maior do que minhas polaridades.

O caminho das Danças Circulares Sagradas é profundamente transformador. É belo e amoroso. As mãos confiam e se deixam guiar. O olhar expande e aprende a enxergar. Os passos não nos deixam estagnar. A música acalenta, o círculo sustenta e o ritmo pulsa. O coração alarga, a mente silencia e o corpo respira. A alma agradece.

No dia do Psicólogo, eu também agradeço. Aprendi a tocar a alma humana com cuidado, respeito e dignidade. E não há maior cura do que essa, para mim e para todas as minhas relações!


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